quinta-feira, 28 de junho de 2012

Mais Olhos Que Barriga

Eu sou do tempo em que não havia comida de plástico. É verdade, não sonhava que existisse um McDonalds, uma Pizza Hut e outros sítios do género que hoje em dia tanto insistem em serem chamados de restaurantes e garantirem que usam 100% carne de vaca e os produtos mais naturais, a ver se ganham um pouco mais de credibilidade.

Pois. Quando eu era miúda, íamos a um restaurante de verdade. Ou fazíamos pique-niques. Normalmente com o belo do frango no churrasco. E nessa altura, era perfeitamente natural disponibilizarem 1/4 de frango. Essa era a dose individual. Hoje em dia, se peço meio frango para mim e quem quer que me esteja a acompanhar, ficam muito surpreendidos, perguntando invariavelmente se não quero mais nada.

As pessoas já não sabem comer, para mim é um facto. E o pior é que não têm consciência disso. Tomam por usuais alimentos que nos fazem tanto mal, que devem ser consumidos muito de vez em quando. Não sei como as coisas chegaram a este ponto mas entristece-me muito, particularmente quando olho para a quantidade de pessoas obesas, em especial crianças. Já para não falar nas doenças invisíveis, das quais ninguém sabe, muitas vezes nem a própria pessoa. É normal, é habitual, se os outros fazem é porque não é assim tão perigoso.

Pois eu decidi que não tenho de ir pelo mais fácil e pela norma tão infeliz, mas sim pelo que me torna uma pessoa mais saudável. Posso ter uma preguiça enorme no que toca a fazer exercício mas caramba, a alimentação eu hei de controlar! Está perfeitamente dentro do meu alcance e, muito sinceramente, é uma questão de hábito! Nos últimos 3/4 meses mudei radicalmente a minha alimentação e estou a ver os resultados. Não só a nível de perda de peso mas do aumento da energia e menos problemas de digestão, embora ainda os tenha mas por outros motivos que aparentemente não há nada a fazer, e funcionamento do meu corpo em geral. E sabem que mais? Não foi tão difícil como eu pensava.

Tenho pena que a maior parte das pessoas encarem a minha mudança como um 'exagero' quando, no fundo, apenas faço aquilo que a grande maioria dos médicos recomenda (como em tudo, há sempre excepções). O que é mais curioso é que continuo a comer coisas que fazem menos bem, mas como as pessoas não me vêem fazer isso, presumem que sou fanática e sigo tudo à risca. 


Antigamente, comia-se o suficiente. Não havia grandes excessos, que me lembre. Será que o mundo se tornou tão hedonista que quem tem um pouco de espírito de sacrifício deve ser com certeza masoquista? A busca de prazer sobrepõe-se a tudo? Em tudo, não só na comida. Será que se tornou errado haver limites, contrição? 

Eu apenas aprendi a ouvir o que o meu corpo me pede. Se pede bastante açúcar, eu dou-lhe bastante açúcar. Simplesmente faço-o (ou tento fazê-lo, porque sou fraca e falho) quando mo pede, o que é se calhar uma vez por semana, 2 no máximo, quando antes o fazia se calhar todos os dias. Isso sim é uma 'excepção'. Não passar a ser dia-sim, dia-não. 

Claro que não é fácil, implica espírito de sacrifício, mas quando vejo o que ganhei até hoje, não consigo parar, é toda a motivação e inspiração de que preciso. E claro que muitas vezes não resisto a certas coisas, mas a diferença é que agora o faço muito menos vezes e em menos quantidade a acima de tudo com plena consciência dos meus actos e das consequências que deles advenham. Já não finjo que nada aconteceu.

A coisa que mais gostava era que deixassem de me perguntar de sobrancelhas arqueadas se estou a fazer dieta quando tomo as decisões mais acertadas para a minha saúde. Não, não estou a fazer dieta. As dietas são, regra geral, coisas muito perigosas e/ou de carácter temporário que normalmente fazem mais mal que bem. Eu sofri uma reeducação alimentar, se bem que ainda tenho muito que aprender. Capiche?

Este é um dos meus objectivos para o que tem sido o meu ano de grandes mudanças (e mais virão!). É uma coisa que quero muito e, portanto, vou lutar para conseguir. Hei de ser cada vez mais saudável. Não é mais magra, é mais saudável. E gostava que toda a gente percebesse isso em vez de julgar. É que é uma distinção bem grande. Que faz toda a diferença, tanto em termos de resultados como de motivação.

Como disse, fico triste por ver a quantidade de pessoas à minha volta que poderiam estar a sentir o que eu sinto cada vez que me levanto com mais energia e mais bem disposta. Mas aceito que não chegou o momento delas ou se calhar ainda não é suficientemente importante para elas. Só posso esperar que um dia seja. Mas acima de tudo, acho importante que haja respeito e compreensão de ambas as partes.



Obrigada por lerem :)