Na sequência da entrada anterior, resolvi fazer uma lista dos princípios pelos quais me tento reger nesta época financeira ainda bastante crítica, de forma a não perder a perspectiva do que é realmente importante e, de certa forma, me reencontrar e redescobrir o que realmente gosto e preciso.
1. |Fazer um orçamento.| Este tem sido o meu maior desafio. Ainda hoje não consigo pô-lo em prática a 100%. Não é por fingir que as despesas não existem que elas vão desaparecer, mas de vez em quando lá penso que sim. Quando finalmente ganho juízo, tento somar todas as despesas que posso prever que irei ter durante o mês, pôr de lado esse dinheiro e especialmente manter-me a par do que gasto durante o mês. Esta última é a parte mais complicada para mim, mas a verdade é que não vale mesmo a pena ignorar o extracto bancário.
2. |Poupar.| Sejam 100, 10 ou 1€ - mensal, semanal ou diariamente - tento sempre pôr qualquer coisa de lado e comprometer-me a não gastar esse valor. A verdade é que o mais provável é que vou precisar dele mais tarde. Além disso, nesta época, por muito que as coisas nos estejam a correr bem, é bem possível que venhamos a perder o emprego, como me aconteceu há já largos meses. É um facto que não podemos controlar tudo o que acontece na nossa vida. E, sem uma fonte estável de rendimento, podemos vir a passar necessidades se não nos precavermos.
3. |Definir o essencial.| Não quero com isto dizer que não nos devemos divertir ou ir jantar fora de vez em quando ou comprar algo novo para vestir ou usar. Mas, especialmente estando apertada no departamento monetário, tento pensar se o que quero comprar vale realmente o custo, tanto monetário como emocional. Porque, se calhar, para adquirir esse objecto, terei de abdicar doutro que quero ou preciso mais.
4. |O dinheiro não cresce.| Fui habituada desde pequenina a gastar apenas o que tenho. Portanto acredito que apenas se deve recorrer ao crédito para compras substanciais, como casa ou carro. Nunca fiz e tenciono nunca fazer do crédito uma coisa habitual. Porque, quando te aperceberes, a tua dívida já cresceu muito para além das tuas possibilidades. E, mais cedo ou mais tarde, provavelmente mais cedo do que julgas, o tempo vai acabar-se e, duma maneira ou doutra, terás de pagar. Não quero nunca olhar para trás e perceber que me coloquei nessa situação desnecessariamente.
5. |Apreciar o que tenho.| Às vezes é complicado não querer sempre mais em mais. Mas, em vez de adquirir objectos novos uns atrás dos outros para passado pouco tempo me esquecer deles ou já não gostar, tento dar valor ao que já tenho. Por exemplo, de vez em quando, lá dou uma volta ao armário e, às vezes, até encontro coisas que já nem me lembrava que existiram. É uma excelente oportunidade para as redescobrir e basicamente estou fazer compras no meu próprio guarda-vestidos, mas sem ter de gastar um tostão!
6. |Enfrentar os meus erros.| Se encontro algo que adquiri há relativamente pouco tempo e já nem sequer pondero a possibilidade de usar novamente, tento pensar no que me levou a comprá-lo/a inicialmente para que, quando sentir novamente esse desejo ou impulso, pense duas vezes. A melhor forma de prevenir a repetição de erros é estudando o comportamento passado.
7. |Reciclar!| Quando posso tento reinventar os meus objectos ou, se já não têm remédio, dá-los a alguém que os valorize. Por muito que me custe abdicar das coisas, a verdade é que não vale a pena agarrar-me a elas eternamente.
8. |Filhos: ensinar-lhes o valor do dinheiro.| Ainda não tenho filhos e sei que é fácil falar quando não se conhece na prática, mas é algo que quero mesmo fazer quando chegar a altura. Não quero com isto dizer que acho que se deva importuná-los com questões de adultos ou deixá-los desnecessariamente preocupados. Mas acredito seriamente que se deve ensinar-lhes que, para terem algo, têm de abdicar de outras coisas. E explicar-lhes o que os objectos que querem realmente custam. Se calhar a consola de jogos que tanto desejam equivaleria a 10 ou 20 sacos de compras no supermercado ou umas mini férias ou um mês de gasolina para o automóvel.
9. |Não ter medo de dizer que não.| "Realmente não preciso nada disto nem tem qualquer utilidade para mim, mas a senhora da loja é tão simpática... E realmente o produto é mesmo giro. Ainda por cima está em promoção!" Não. E não é não. Por muito barato que seja, se não preciso, não compro. E a verdade é que 'grão a grão enche a galinha o papo'. Se somares todas as coisas que compraste porque eram baratas nos últimos 3 meses, por exemplo, se calhar vais assustar-te com o total. Pois é, isto acumula mesmo! E pensa só no que poderias ter feito com esse dinheiro...
10. |Procurar alternativas.| Já trouxe de volta o Uno e o Mikado! Até a Bisca dos 9 e o Peixinho. Desenterra o Monopólio e o baralho de cartas! Cozinha para os teus entes queridos. Maquilha as tuas amigas e vice-versa. Passeia a pé. Aprecia a natureza. De certeza consegues lembrar-te de algo que podes fazer para te divertir que não seja muito caro.
Concluindo, devo admitir que tem sido difícil implementar alguns destes princípios. Qual de nós não sente um prazer imenso ao adquirir um objecto que desejamos muito? O truque está em perceber se realmente o desejamos e iremos utilizar ou se é apenas um impulso do qual nos iremos arrepender mais tarde.
Aquilo que sei é que tenho tirado bastante prazer ao me impor estes limites. A razão é simples: As coisas sabem muito melhor quando as merecemos e quando são raras! Ao ceder menos vezes a essas indulgências, quando finalmente o faço sabe mil vezes melhor.
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